Os irredutíveis geresianos
Há uma povoação, no Gerês, cuja história nos transportam para um fantástico universo de intermináveis batalhas em defesa do território conquistado pelos antepassados, à custa de muito esforço e sacrifício.
Estamos a falar da população de Campo do Gerês. O povo da terra, ao abrigo das Inquirições de 1258, tinha por obrigação defender a Portela do Homem. E a verdade é que tem conseguido, ao longo dos séculos, proteger com coragem e determinação aquela porta de entrada para o nosso país.
É certo que a geografia do terreno ajuda à tarefa, mas também não deixa de ser verdade que esta gente enfrentou alguns dos mais temíveis exércitos, incluindo as tropas de Castela e as invasões napoleónicas.
Para isso foram determinantes a dureza desta gente, talhada por um clima rude, e o espírito inventivo, como é disso exemplo a Trincheira do Campo. Construída no reinado de D. João I, com o objetivo de reter as invasões castelhanas, após a crise de 1383-1385, foi mais tarde alvo de intervenção nos reinados de D. João IV e D. João VI.
A Trincheira do Campo era o ponto-chave da defesa da fronteira, apresentando a impressionante extensão de cento e vinte metros de comprimento, um metro de espessura e pouco mais de altura. Daqui se resistia ao mais feroz invasor, no resguardo dos muros, que guardaram a memória deste povo ao longo dos séculos.
Hoje resta apenas parte da estrutura, juntamente com as ruínas de uma estrutura identificada como sendo a Casa das Peças, um espaço que servia de acolhimento dos homens e das guarnições bélicas.
Pode visitá-la, percorrendo o chamado “Trilho da Águia do Sarilhão”, a partir da freguesia de Campo do Gerês (GPS 41° 45' 33" N 8° 11' 42" O).
© Quinta dos Carqueijais, 2016